sexta-feira, 25 de abril de 2008

DEUS sabia de TUDO...

Depois da NAVALHA, eu continuei a minha virada teatral com a peça "Deus sabia de tudo...", com Os FOFOS Encenam.



Já tinha me deliciado com essa peça quando li uma tese de Mestrado do Newton Moreno - A Máscara Alegre - que xeroquei na biblioteca da ECA. Sempre ficava imaginando essa peça incrível no palco.
Hoje tive a oportunidade de vê-la lá, em CENA... E é muito bom quando uma coisa consegue te surpreender. Melhor ainda: quando ela te emociona de verdade. Daí não tem + papo.

Pois é... Eu amei essa peça (a temporada acaba amanhã, corra, Lola, corra!).
E a peça tem aquele cenário simples, uma cama em tons vermelhos, tudo muito carmim, uma atmosfera meio Moulin Rouge por onde aqueles personagens fantásticos passam e repassam em várias cenas.
Em algumas destas cenas, eles - os personagens - falam quase a mesma coisa.
Assim acontece com o índio e o português, o escravo e o capitão-do-mato, os dois guerrilheiros do Araguaia, os cangaceiros...
Enfim... Em todos eles rola um sentimento às vezes acuado e, ao mesmo tempo, deliciosamente incontrolável... Pq não há armário nenhum no mundo que possa sufocar esse Etna preste a explodir.
É que tem amor na parada, brother... Simples assim, tipo clichêzão de novela das seis... Mas é assim, porra, fazer o quê, hein? Alguém quer saber se é gay, hetero e o caralho a quatro? Nãoooo! É amor e PONTO!


E se alguém me perguntar o que + me impactou nessa peça, juro de pé juntos que não saberia dizer.
Tudo é irrepreensível: a cena da bichinha pé-de-chinelo que é apaixonada pelas cuecas de um pedreiro marrento, a cena do beijo da enfermeira linha-dura no aidético em fim de linha, a cena do padre perdoando todas as injustiças da igreja contra os gays depois de fazer a linha Pinho Sol no banheirão da sacristia, a cena das duas mariconas concluindo que o tempo passou mas o amor entre eles continua o mesmo e - ótimooo- a cena do travecão que dá uma taca de pica no pit-boy homofóbico que matou a sua melhor amiga de Amaral Gurgel...
Enfim, todas as cenas são realmente um ESCÂNDALO!

Fernando Neves e Newton Moreno


Bem, eu já disse aqui antes e repito: sou FÃ assumido (ui!) do Newton Moreno, tipo fã daqueles que escrevem cartas quilométricas (hahaha) e rasgam a seda do back. Sem dúvida, o Newton é o grande cara da dramturgia na cena atual. Não tem pra ningué. O resto é patacoada. Ele consegue divertir, sensibilizar e emocionar. O seu texto transita com precisão e dinamismo por todas essas vertentes e o resultado é bem original, com uma pegada autêntica.
Enfim, Newton é LUXO e eu quero ser ele quando eu CRESCER. Se bem que ele já me disse pra eu deixar dessa MARMOTA e procurar pensar em coisa + produtiva... hehehe.

E o novo espaço dos FOFOS, hein? Muito FOFO mesmo. Adorei os banheirinhos, o barzinho, a sala de espetáculo. Tudo bem FOFO, a cara deles.



Aliás, grupo teatral que se valoriza tem mesmo que ter o seu próprio canto. Chega desse negócio de reunir uma moçada pra ficar dois ou três anos viajando no Sazon e, no final, não rola porra nenhuma. Cansei dessa PALHAÇADA. Teatro como trabalho voluntário, mas eu não faço nem fodendo. Respeito é bom, né... E um espaço próprio é um dos pontos essenciais pra quem quer se levar a sério. E eu tô muito a fim de me levar a sério. A hora do RECREIO já acabou, velho!
E eu quero mais é botar o meu BLOCO em cena.
E ponto FINAL!!!
PS: Ah, anota aí, vai! Os FOfos Encenam retornam no mês de MAIO com o elogiadíssimo "Assombrações do Recife Velho", espetáculo que consagrou o grupo e foi super disputado, lembra? Tanto que eu nem consegui ver da primeira vez. Mas, dessa vez, já me sinto na fila do gargarejo!!!

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