Você bota a mesa
Eu como, eu como, eu como, eu como...
EU COMO VOCÊ!!!"
Um Caetano bem na fita, desmistificado, sem aquela coisa de pedestal, de rei da cocada preta... Enfim, um Caetano de verdade, com aquele seu jeito naturalmente cosmopolita de ser, mas de quem nunca perdeu a essência de sua Santo Amaro natal.
"Coração Vagabundo", documentário do bonitinho do Fernando Grostein Andrade é muito MASSA, envolvente, fofo mesmo. Eu vi ontem, no encerramento da edição 2008 do "É Tudo Verdade". E se eu já gostava do Caê, fiquei de quatro de vez.
Eu quero COMER Caetano.
Já me sinto!
"Come as you are, as you were,
As I want you to be
As a friend, as a friend, as an old enemy..."
O documentário começa num show que o Caê fez no Hotel Fasano. Depois, o acompanha em sua turnê "A Foreign Sound" pelas duas cidades + absurdas do planeta: NY e Tókio.
É cheio de ceninhas bacanérrimas, como a da japa querendo tirar uma soneca no metrô de Tóquio. Ou quando um taxi driver de NY diz que, na voz de Caetano, finalmente conseguiu entender a letra da canção "Come As You Are", pq com o Kurt Cobain era praticamente impossível.
Tb rola até uns depoimentos de uma moçada que já não precisa provar + nada, tipo o Almodovar e o David Byrne, do Talking Heads. Esses feras rasgam a seda do back em torno da figura do Caê.
Adorei aquela coisa do Caetano brincando de BOQUETE Show, enquanto ajeitam o ziper dele antes do seu show no Fasano.
Já no Carnegie Hall de NY, foi bacanérrimo mostrar a Gisele Bundchen pagando pau pro Caê. E a tal da Paula Lavigne - casada com o Caê na época - cagando pra babação de ovo da umber model. Paulinha até zoa da situação, dizendo que, se é pra levar um chifre, que a coisa seja de ouro, com um chifre feito pela top número UM do mundo. Tb acho!
Antes desse show, vemos um Caetano nervoso, um artista vindo de um país do dito Terceiro Mundo (já não caiu?) que vai encarar "O" templo musical da dita 'capital do mundo'. Caê fica preocupado com a voz, quer ficar calado e sugere pro Fernando que ele faça um documentário tipo um filme do Ingmar Bergman, com longas seqüências de cenas silenciosas, com a câmera paradinha, lá no canto. É hilário!
E por falar em cinema, esse documentário mostra uma cena muito GENIAL. E é com o cineasta Michelangelo Antonioni se emocionando com a sua própria obra (o filme "Profissão: repórter") , enquanto a sua esposa Enrica sugere uma viagem pra Bahia. Juro que meu coração fez biquinho pra não chorar.
O genial Antonioni
Entre várias cenas que o Fernando fez no Japão, eu adorei aquela cena onde o Caê mostra a paisagem que ele tem da janela de sua suíte master. Ou seja: nada, tudo muito diminuto, compacto, a cara do Japão.
Depois, Caê diz que ficou constrangidérrimo na Alfândega do aeroporto de Tokio, com uns japas revistando a mala dele cheia de cadernos com desenhos de machonha e armas de fogo. E os caras ainda pegavam no pau dele. Como o próprio Caê disse: "que coisa mais chata aquele cara ficar pegando no meu pau. Se eu pelo menos o conhecesse". HAHAHA... Muito bom, muito bom!
Tb curtir as declarações que o Caê faz sobre religião e o tempo. Pra ele, esse negócio de religião é só papo de gente que quer dominar o outro através de um discurso obscurantista.
Sobre o tempo, Caê diz nesse documenário que não se importa em envelhecer. Até pq o velho de hoje em dia é bem diferente da imagem que se tinha no passado, aquela coisa caquética, sem Viagra pra salvar as tardes livres. "Prefiro ser e estar vivo. Eu sou solar e quero ser feliz", poetiza Caê.
E sobre a polêmica em torno da melhor música do mundo?
Aí Caê se revela NADA bairrista, sem aquela brasilidade cafona, verde-amarela, ultrapassadíssima. Caê é coerente. Sabe que pertence a um país subdesenvolvido, que não valoriza a sua arte, que não procura um rumo certo e vai levando as coisas do jeito que estão. E, evidentemente, um povo que não valoriza a sua própria cultura não pode nem se dar o luxo de querer se comparar com a produção artística de uma potência mundial que há muito tempo investe pesadamente e intensamente em CULTURA sim, senhor.
Ah, como já era de se esperar, a trilha desse documentário tá do caralho. Vai desde a canção que dá título ao filme, "Coração Vagabundo", até o "Cucurrucucu Paloma", com aquela cena incrível do Caetano cantando pras mulheres do Almodovar no filme "Fale com Ela".
Pois é... O menino bonito Fernando Grostein Andrade arrasou nesse documentário, mandou suuuper bem. Quero mais filminhos desse moleque. Meu apetite é VORAZ!
E o Caetano, hein? No final ele diz que não é e nem quer ser um fodão. Mas tio Caê é FODA sim, mesmo sem querer. Ele é um prato farto e fim de papo. Nossa GULA agradece!
"Vamos comer Caetano
Vamos devorá-lo
Degluti-lo, mastigá-lo
Vamos lamber a língua..."
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