"Pense-se numa vida em que a pessoa se empanturra duas vezes por dia e nunca pode se deitar sozinha à noite, para não mencionar todas as outras práticas que acompanham esse estilo de vida", diz Platão em referência à vida libertina na Grécia Antiga. A afirmação está no ótimo "Uma História das Orgias", do escritor inglês Burgo Partridge, recém-reeditado no Brasil.
O livro tem preciosidades que vão desde a época dos gregos ao século 20. No prefácio, o autor define: a orgia é uma pressão crescente que não pode ser suportada, uma tensão que exige uma liberação urgente. E assim vai narrando as práticas pelo mundo.
Na Grécia, por exemplo, a cidade de Corinto tinha a população mais devassa. Ainda lá, realizavam-se as afrodisías, festivais em honra de Afrodite, onde prostitutas e "heteras" nunca deixavam de comparecer.
Aí vêm homossexualidade, bissexualidade, o amor entre o homem mais novo e o mais velho, e o conceito do amor ligado ao belo nessa sociedade.
Mudando para Roma, as orgias se destacam pela violência, coisa inexistente na Grécia, por exemplo. Em Roma, havia uma obsessão pela crueldade, tinha de haver dor: "Bata para que ele sinta que está morrendo", diz Calígula.
Os bacanais nasceram no sul da Itália, tinham aprovação oficial e também estavam ligados à violência e à atividade sexual. Os banquetes eram incríveis, grandes quantidades de comida e bebida que ali eram servidas. Os imperadores romanos faziam parte de toda essa cultura da orgia.
No último capítulo do livro, destinado ao século XX, Partridge afirma: "A era atual é a de liberdade. Está absolutamente claro que muitos cidadãos do século XX sofrem de um mal-estar em comum, mas o que se deve examinar é até que ponto esse mal-estar está diretamente associado com a nova moralidade ou é causado por ela."
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