sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sentindo o DRAMA!!!

Foi shoW de bola a leitura de "On $ALE" lá na OsWald de Andrade...
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"On $ALE" foi uma das QUATRO peças selecionadas - entre as 18 inscritas no total - para a "II Dramática - Ciclo de Leituras Teatrais sobre Homoerotismo e SeXualidade", evento paralelo ao Festival Mix Brasil.
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As outras três selecionadas foram: "Saudade", de Léo Lama; "Be My Baby", de Ricardo Aguieiras e "Os Dois e Aquele Muro", de Ed Mascarenhas.
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E ainda teve a menção honrosa pra peça "Avental todo Sujo de Ovo", do Marcos Barbosa, que nem chegou a ser lida na última quarta por causa de questões com direitos autorais, de montagem, alguma coisa assim... .
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Falando em montagem, todos os teXtos que participaram da primeira edição do "Dramática", realizado em 2006, foram e estão sendo montados com enorme sucesso.

Entre eles: "Santidade", de Zé Vicente, montada pela trupe do tio Zé Celso; "Abre as Asas sobre Nós", que inclusive já faturou um prêmio da APCA; "Cine Bijou", de Mário Viana, tb adaptado para o cinema; E "Sob a neve em frente a Torre Eifell", que acabou de entrar em cartaz lá no Satyros, se não me engano.

Agora, vamos torcer muito pra que as peças dessa II Dramática tenham o mesmo êXito das que fizeram parte de sua primeira edição..
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Sobre a leitura de "On $ALE":

Claro que é bacanérrimo ouvir comentários elogiosos de pessoas que vc nunca viu na vida sobre o teu teXto...

E foi o que rolou nessa quarta passada (ainda bem, kikiki).

Antes de fazerem a leitura de "On $ALE", os atores - Vitor Morbin & José Trassi (excelentes e lindos, por sinal) - disseram que curtiram pra caramba o meu teXto teatral, que a peça tem uma fluidez gostosa, que ela está pronta pra ser montada, além de outros comentários deliciosos de se ouvir.

Já o diretor dessa leitura, Ferdinando Martins, tb falou que achou o teXto "sensacional", até porque "On $ALE" consegue escapar de alguns esteriótipos tão comuns no chamado 'mundinho gay', retratando uma paiXão que eXplode entre dois michês que NÃO se consideram homosseXuais e que fazem programas com outros homens apenas por uma questão de sobrevivência...

Mas que, em um momento de tensão absoluta, eles acabam se envolvendo e daí nasce algo mais forte do que eles, o que transforma as suas vidas totalmente.
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No final da leitura, as pessoas que estavam na platéia tb se pronunciaram e, pra mim como autor, foi incrível presenciar que todos curtiram e se envolveram com a trama da peça.

E, acredite, rolou até um BIS (isso mesmo, os atores leram a peça novamente mas, dessa vez, trocando de personagem, o que foi muuuito interessante).

Como a peça é curtinha, parcelada em Seis VEZES/CENAS sem JUROS, algumas pessoas até sugeriram pra que eu aumente as suas parcelas (por que não em DOZE vezes sem JUROS, hein, seu ZeN???), o que já foi devidamente pensado bem antes da tal leitura e já está em fase de eXecução.

Tb rolou algumas sugestões pra que eu transforme a trama de "On $ALE" num curta e, quem sabe, até no roteiro de um filme (menino, essa minha "ponta de estoque" já tá me saindo caríssima, hahaha), mas vou pensar com bastante carinho nesse caso cinematográfico (The END, é? hahaha).

Legal tb ter a oportunidade de conhecer figuras do meio teatral e artístico como o Ricardo Aguieiras, Ferdinando Martins, Vitor Morbin, José Trassi...
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Deu até pra trocar umas idéias super produtivas com eles e cogitar a possibilidade de se tramar outras leituras do tipo, além de pensar em eventos que estimule uma produção teatral cada vez + criativa, de qualidade e que, sobretudo, conquiste as pessoas.

Valeu tb pelos amigos que deram as caras lá na OsWald e que sempre me prestigiam.
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Resumo dessa LIQUIDAÇÃO: curti SIM ver e ouvir o meu teXto na boca dos atores, ganhando uma outra sonoridade, uma outra musicalidade, sem o meu controle como autor, minha peça ganhando vida, forma, totalmente fora da minha cabeça, da minha imaginação, ali na "real", encenada, fazendo o seu papel como ARTE viva e - o que é + importante - atingindo as pessoas, modificando-as, emocionando-as, pois é isso que vale pra um artista e o resto - como já diz o clichêZão - é consequência.

E eu entendo a arte assim mesmo, como uma transformação, uma deliciosa e instigante transgressão, um ir além do comum, do já estabelecido, um desafio pra inteligência artística, um estímulo pra sensibilidade em meio ao caos de uma humanidade cada vez mais confuso.
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Quem sabe a ARTE talvez seja uma outra forma de tentar compreender essa confusão toda (ou confundir mais ainda, né).
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E o que é melhor: tentar compreender ou confundir o nosso mundinho pré-aquecido fazendo ARTE, que é algo que não se dilui em conceitos ou técnicas, ela simplesmente eXplode, uma eXplosão que revigora a nossa capacidade de se reinventar constantemente.
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No mais, só faltar agora ver "On $ALE" nos palcos desse nosso mundão em final de estoque, né mesmo???
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Até elenco essa PEÇA já tem... hehehe.
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E pra quem ainda não leu "On $ALE", eu já postei esse meu teXtículo aqui mesmo na blogosFERA...
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Aproveite essa promoção de FIM de ANO (hehehe)!!!
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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O teXto dramático MORREU???

Sim, a questão acima foi um dos pontos FORTES da mesa-redonda “O Papel do Dramaturgo nos Coletivos Teatrais”, que rolou com os dois David's ontem, lá no Sesi da Vila Leopoldina.
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E, só pra lembrar, David Jubb & David Micklem fazem parte da diretoria artística e eXecutiva da Battersea Arts Centre, um dos lugares + bombados em termos de produção teatral lá na terrinha do tal Shakespeare.
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A mesa-redonda contou ainda com a presença do jornalista e dramaturgo Sérgio Roveri e da mestra Marici Salomão.
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Todos à MESA... Ingleses à cabidela!!!
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Entre outras refleXões, foram discutidas as técnicas dramatúrgicas, o atual avanço do teatro contemporâneo, o eXercício do coletivo que ganha cena no âmbito teatral brasileiro e o desenvolvimento da nova dramaturgia no Brasil e no Reino Unido.

No começo da tal mesa-redonda, a dupla inglesa Jubb & Micklem deram uma idéia geral de como se desenvolve a produção teatral lá no tal Battersea Arts Centre, além de como se dá o processo em torno da dramaturgia.
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Daí eles falaram de toda a invejável estrutura que eles dispõem, de como os artistas envolvidos - principalmente os DRAMATURGOS - são tratados como gente por lá (com casa, comida e roupa lavada, inclusive) e todas essas coisas que estão há anos-luz da nossa realidade teatral e que, certamente, não se configuram nem nos mais loucos delírios dos autores e atores teatrais desse nosso Brasil, onde a CULTURA ainda é tratada como algo "menor".

Outra coisa que eu não posso deixar de mencionar: os tais Davids falaram que a dramaturgia no Battersea Arts Centre é produzida em cima de uma CRIAÇÃO COLETIVA e que o foco principal é o espetáculo em si. .
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As LUZES do Battersea Arts Centre

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Pois bem...

Até o final da eXplanação dos tais gringos, tava tudo muito ótimo, tudo muito perfeito, tudo muito Primeiro Mundo, muito europeu...

Daí o Sérgio Roveri começou a se pronunciar...

Entre outros pontos eXtremamente importantes, Sérgio falou da Criação Coletiva e do Processo Colaborativo como uma TENDÊNCIA que surgiu nos últimos tempos e que, pelo menos para alguns, isso meio que compromete ou até mesmo anuncia 'o fim' da chamada "dramaturgia de gabinete" (daí o fato de surgir nomenclaturas como dramaturgista e etc).

De acordo com Sérgio, que tb tem uma certa eXperiência em processos colaborativos, esse trabalho de acompanhar os atores na sala de ensaio é algo que envolve, além de tudo, muita, muitíssima, mas muuuita GENEROSIDADE.

E que, se essa generosidade não se fizer presente entre todos os envolvidos nesse processo, a coisa fica realmente complicada (pra não dizer praticamente impossível).
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Battersea Arts Centre em CENA Vol. 01
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Sérgio Roveri tb falou que no Brasil nem em sonho há algo parecido com o Battersea Arts Centre, que envolve todo uma produção teatral - nas suas mais diversas formas - concentrado em um grande centro.

Mas esse jornalista e dramaturgo identificou, em grupos e companhias teatrais aqui do Brasil, um trabalho muito semelhante com o que rola lá em Londres (claro que com as nossas características próprias, o nosso jeitinho braZuca de fazer a coisa e levando em conta a forma como a cultura ainda NÃO é levada a sério pelos picas-grossas de Brasília).

E grupos teatrais made in Brazil, como é o caso do Cia do Latão e da Teatro da Vertigem, são os nossos eXemplos + bem sucedidos de criação coletiva e processo colaborativo.
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Latão & Cia.
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Bem, na minha sincera opinião, esse negócio de Criação Coletiva ou Processo Colaborativo - ou qualquer outro nome que inventarem - meio que já virou uma MODINHA de temporada e, em alguns casos, isso é bastante discutível.

Óbvio que eu não tô aqui querendo GENERALIZAR nada, até pq há trabalhos que envolvem esse tipo de processo rolando em todo o país e que resultam em espetáculos teatrais incríveis e com uma dramaturgia que não é de forma alguma, digamos, 'DATADA'.

Mas eu TB percebo uma certa PREGUIÇA de alguns atores e até mesmo diretores em sentar sua bela bundinha numa boa cadeira pra fazer uma leitura aplicada de um texto teatral.

E eu tô falando de uma leitura que tem a ver mesmo com o fato de ESTUDAR a coisa, tentando compreendê-la realmente, além de fazer uma análise detalhada de seus diversos aspectos.

O problema é que grande parte só ler o teXto quando vai numa Lanhouse e apenas passa a vista na coisa no exato instante em que tb se está bantendo um papo no MSN ou lendo os scraps no Orkut.
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Battersea Arts Centre em CENA Vol. 02
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Daí vc, dramaturgo, que passou dias e + dias produzindo seu texto, conversando com ele, analisando, corrigindo, tem que ouvir perguntinhas idiotas do tipo: pq os teus personagens tem nome, hein? Pq vc dividiu a tua peça em CENAS?

Eu juro por Zeus que figurinhas que se dizem saídas de Facul de Artes Cênicas já me fizeram essas perguntinhas cretinas. E ainda me confessaram que leram o teXto rapidamente numa lanhouse (iPod uma coisa dessa???).
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É muito broXante, velho!!!

Aí não rola mesmo, ADEUS, tchau, benção & SARAVÁ!!!
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Cabeças de DRAMATURGOS???

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Uma outro ponto bastante pertinente que surgiu nessa mesa-redonda foi quando alguém lá fez a seguinte pergunta:
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Será que esses teXtos, que estão sendo produzidos atualmente nos coletivos teatrais, irão SOBREVIVER ou, melhor dizendo, serão encenados daqui a 400 anos como, por eXemplo, acontece até hoje com toda a obra de Shakespeare, entre outros grandes dramaturgos não só ingleses???

E + uma vez, os tais gringos convidados disseram que o foco principal do trabalho deles se concentra na formatação do espetáculo como um todo e que, como "registro" de suas produções, a única coisa que garante essa possibilidade é o fato deles filmarem seus espetáculos.

Daí a Marici Salomão 'provocou' os grigos com a seguinte questão:

Será que, atualmente, nós estamos mais preocupados em produzir boa dramaturgia ou bons espetáculos???

A questão ficou no ar, incomodando pra caralho todo mundo que tava lá e que encara seriamente a atividade teatral.

Já os tais ingleses, diante da 'cutucada' da Marici, só mostraram uma cara de soro fisiológico e não + que isso.

Daí fica a questão para nós dramaturgos - seja de gabinete, seja de torre de marfim, seja de processo colaborativo, seja de criação coletiva, seja do caralho de asa tomando Red Bull - analisarmos profundamente.
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Shakespeare FOREVER!!!
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E só pra constar: David Jubb é diretor e produtor teatral britânico, fundador da Central School´s Lion and Unicorn Theatre (Kentish Town ). Já o David Micklem é editor do livro The Producers e líder da implementação da política nacional de teatro na Inglaterra.

No mais, quem não foi PERDEU, pq esse debate em torno da dramaturgia contemporânea foi beeem interessante!!!

E eu fico realmente perpleXo com o fato de pouca gente aparecer pra discutir teatro contemporâneo.

Na hora de reclamar que não se está discutindo o assunto, aparecem uns duzentos pelo menos.

Mas no real instante de tirar a bundinha gorda da cadeira e ir discutir a coisa, apenas e tão somente uns dez gatos-pingandos dão a cara pra bater.

Vai ver que neguinho ainda continua achando que o que tinha que ser feito em termos de revolução teatral já rolou nos Anos 60 & 70 e que o resto é puro saudosismo...

Acho lamentável essa inércia!

Com tanta coisa bombando no mundo hoje em dia e neguinho se trancafiando no seu mundinho pra ver a BANDA - que não é LARGA - passar num (des)compasso desafinado.

Já disse e repito: acho que esse Núcleo de Dramaturgia lá do Sesi tá bancando uma eXcelente oportunidade de discutirmos pontos cruciais da literatura dramática, seja ela antiga, nova, neo-pós-ultra-contemporânea, foda-se a nomenclatura!

Mas que a coisa tá rolando... Ah, isso tá!

E com gente boa e de peso!!!
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