sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

POROROCA reestreia no Teatro do SESI

Esta POROROCA caudalosa de SUCESSO - quase 3 mil espectadores em 2010 - não coube no Mezanino de 50 lugares e agora deságua no TEATRO do SESI com seus 456 lugares. A montagem ganhou adaptação para o novo espaço. O texto de ZEN SALLES tem na direção o premiado Sergio Ferrara. Venha sentir na pele a FÚRIA e a MAGIA que vem das ÁGUAS.


Autor da peça Pororoca concorre ao prêmio CPT 2010

O anúncio e a entrega do prêmio serão realizados no dia 7/2, no Teatro Coletivo, em SP. Espetáculo reestreia em fevereiro no Teatro do Sesi São Paulo

O dramaturgo maranhense Zen Salles, que integrou a segunda turma do Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council, é um dos indicados ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2010, pelo texto Pororoca.

A peça foi escrita durante as atividades do Núcleo, sob orientação da dramaturga e jornalista Marici Salomão. Pororoca foi selecionada para montagem, escolhida entre os 12 textos finalizados pelos participantes da segunda turma.

Salles concorre com outros importantes autores, como Luís Alberto de Abreu e Rogério Toscano, na categoria Dramaturgia - Criação individual ou coletiva em espetáculo apresentado em sala convencional, rua ou espaço não convencional.

O anúncio e a entrega do prêmio serão realizados no dia sete de fevereiro, no Teatro Coletivo – Rua da Consolação, 1623, São Paulo, Capital.


Lendas e mitos

No texto, inspirado em lendas e mitos brasileiros, o autor apresenta personagens marcantes e trilha sonora composta por canções populares maranhenses tocadas ao vivo. A peça retrata o impacto e as transformações que a Pororoca – ou “onda destruidora”, no dialeto indígena – causa nos ribeirinhos de Mearim.

Pororoca teve lotação de público durante temporada no Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso, entre setembro e novembro de 2010. Quase 3.000 pessoas assistiram ao espetáculo do jovem autor, cujo texto ganhou a direção do premiado diretor Sério Ferrara.

No elenco, Juçara Morais e Rogério Brito, entre outros bons!!!

A peça terá reestreia em fevereiro, de quinta-feira a domingo, no Teatro do Sesi, Avenida PAULISTA, BraZil.


POROROCA entre os 10 Melhores espetáculos teatrais de 2010
http://br.noticias.yahoo.com/s/31122010/11/entretenimento-teatro-15-melhores-espetaculos-ano.html

(Lucianno Maza, do Caderno Teatral / Especial para BR Press) - Um frutífero 2010 chega ao fim marcado por uma programação teatral que valorizou, felizmente, a dramaturgia como força motora de espetáculos bem cuidados. Entre as montagens, há algumas investidas que não atingiram o esperado e aquelas que se tornaram destaque.

Confira agora os DEZ melhores espetáculos brasileiros do ano:


- Pororoca (Sergio Ferrara) - Delicada montagem que estreou no Mezanino do Sesi e revelou o maranhense Zen Salles, dramaturgo que realmente entende do riscado, cria do Ágora - destacado projeto de dramaturgia do British Council no Brasil.















DOCUMENTÁRIO sobre a POROROCA no YouTUBE: http://www.youtube.com/watch?v=otw2qIEHBrw

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

POROROCA na FOLHA de SÃO PAULO

Por LUIZ FERNANDO RAMOS (Crítico TEATRAL da FOLHA)


O faz de conta instaurando o teatro. “Pororoca”, texto de estreia do autor maranhense Zen Salles (em cartaz no teatro do Sesi, na av. Paulista), resgata o princípio de que um bom espetáculo começa com uma história bem contada.

Fruto de um projeto internacional de incentivo a novos dramaturgos, a peça corresponde às expectativas dos especialistas ingleses que a supervisionaram.

Apresenta uma trama bem tecida, sem fios soltos, e que é profundamente tributária das raízes culturais e das memórias de infância de seu criador.

Situado numa pequena aldeia pesqueira no rio Mearim, o único do Maranhão onde acontece a pororoca – uma grande onda que corre contra o curso da correnteza - o arco de ação costura as vidas dos moradores daquela comunidade. Mais do que uma descrição, a fábula faz um inventário da condição feminina naquelas circunstâncias geográficas e sociais, bem como um resgate de algumas de suas lendas dominantes.

Essas definições do dramaturgo são contempladas plenamente na encenação de Sérgio Ferrara, experiente na alternativa de alcançar a eficácia narrativa com um mínimo de recursos.

Verdade que a produção tem detalhes luxuosos menos relevantes, caros aos empreendimentos institucionais. Mas, no geral, a empatia gerada ao longo dos episódios que se concatenam se deve muito mais aos intérpretes e ao jogo estabelecido por eles no espaço exíguo da montagem, do que à cenografia e aos figurinos. No palco, os destaques são as atrizes.

Juçara Morais como a “veia Jacy”, entidade que protege o rio e interage como oráculo dos demais personagens, e Paula Sassi como a menina moleca, cujo destino inexorável será a prostituição, sustentam com competência o fio principal da narrativa.

Bia Morelli, Melissa Maranhão e Carol Leiderfarb também contribuem para as verossímeis relações tramadas entre os desejos pessoais dessas mulheres e as tradições arraigadas que as condicionam.

Mesmo uma cena menos bem resolvida, como a que opõe um surfista do sul do país à quebradeira de coco local, justifica-se na estrutura dramática, contrastando as crenças e mitificações sobre a pororoca com sua absorção em outro contexto, mais superficial.

De algum modo, como sugere a convenção dramática tradicional, o texto suplanta e submete a cena, definindo a qualidade da experiência teatral.

Zen Salles estreou com o pé direito nessa opção de dramaturgia, apresentando o que, nela, de melhor um jovem dramaturgo pode oferecer. Sua experiência de vida e a boa técnica de narrar.

POROROCA no jornal ESTADO de São PAULO

Por Ubiratan Brasil

A pororoca é um fenômeno impressionante - um estrondoso encontro das águas do mar com as águas dos rios, durante as luas nova e cheia, que serve tanto para um inusitado surf como fonte de destruição, justificando a origem tupi-guarani do nome (que significa "onda destruidora").

É característico do Amazonas, mas também acontece em apenas um rio do Maranhão, o Mearim. "Lá, o evento atiça crendices populares, com homens se transformando em peixes e mulheres perdendo a sombra", comenta o diretor Sérgio Ferrara, responsável pela montagem da peça Pororoca, que estreia nesta quinta, 16, no mezanino do Centro Cultural Fiesp.

Trata-se de um texto escrito pelo maranhense Zen Salles, fruto do processo de formação proposto pelo Núcleo de Dramaturgia Sesi - British Council. Inspirado nas lendas e nos mitos que cercam o fenômeno, ele criou personagens que trafegam entre o real e o fantástico, que são moradores da região do Mearim. Como a índia Jacy que, de tão velha, já perdeu a sombra.

Poucos como ela sabem que o Mearim (cujo significado é "rio do povo" em tupi) oferece as principais condições de sobrevivência, mas também cobra de volta o que tiram dele sem a sua permissão.





















"Fizemos uma extensa pesquisa sobre os hábitos daquelas pessoas, que vivem entre o mitológico e a realidade", conta Ferrara, convidado para assumir o projeto depois de retornar de uma temporada em países africanos de língua portuguesa, onde deu aulas e ministrou oficinas. "Zen conta ter se inspirado nas histórias que ouviu da avó quando criança e também, ao escrever, na prosa de Gabriel García Márquez, especialmente para relatar o efeito da onda gigante formada pela pororoca."

Segundo ele, há uma liberação de desejos que transforma as pessoas. Em cena, tal situação se traduz em um linguajar às vezes por demais despudorado. Há também um culto da pele, que canaliza as tensões sexuais. A fúria das águas faz com que as pessoas sejam mais objetivas e francas.

"Mas, em contrapartida a essa sensualidade, há os problemas, que são graves", observa o diretor. É o caso da afluência de surfistas, interessados em aproveitar a grande onda. "Quando vão embora, deixam uma série de meninas engravidadas, que acabam sem nenhum amparo."


Ensaios

O dramaturgo Zen Salles acompanhou o processo de ensaios, que durou quase dois meses - além de ser uma determinação do projeto de Núcleo de Dramaturgia, ele aproveitou para orientar os atores em relação ao sotaque maranhense. "Foi muito útil, pois não se parece com o nordestino, especialmente aquele ouvido em novelas", conta Ferrara.

O dramaturgo também auxiliou na escolha das músicas típicas, que são cantadas pelo elenco. E o cenário reproduz os típicos azulejos maranhenses. "São divindades indígenas retratadas naquele traço típico."

POROROCA avassaladora

by Lucianno Maza: http://br.noticias.yahoo.com/s/26102010/11/entretenimento-teatro-pororoca-avassaladora.html


















Pororoca marca a estreia no teatro profissional do autor maranhense Zen Salles, oriundo do Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council - projeto pioneiro de formação e fomento de novos dramaturgos em São Paulo. Na peça, em cartaz no Mezanino do Centro Cultural Fiesp, acompanhamos a trama que acontece às margens do Mearim, único rio do Maranhão onde ocorre o fenômeno do encontro de água doce com a do mar que dá nome ao espetáculo.

A história mostra a saga de uma família com sua matriarca, uma velha mística, e seus netos, ao lado de outros personagens da região. Duas crianças costuram os causos do povo ribeirinho, com seus olhares ora ingênuos e bem humorados, ora agudos e assombrados. Até que o foco cai sobre a menina que, como heroína trágica exilada de sua terra, vai para São Luís vingar não apenas a si mesma e sua mãe, mas simbolicamente a todos vilipendiados por forasteiros.

No texto são visíveis influências complementares entre si, como as tragédias gregas de Eurípedes, com seus heróis falíveis, e as tragédias cariocas de Nelson Rodrigues, com seus parentes imorais, ambas vertentes calcadas no núcleo familiar, com sagas em um lugar e através do tempo por onde transcorrem.

Revelação
O autor consegue utilizar essas bases como ponto de partida para sua própria epopéia, usando ainda lendas locais e outros signos que constróem os arquétipos de um texto primoroso. Apesar do peso da afirmação, é seguro dizer que Salles é o maior acontecimento no teatro paulistano esse ano.

A revelação de um dramaturgo, com sua qualidade e precisão técnica, é emocionante. Ao trazer para o texto seu contexto histórico-social, Salles não se limita e sim estabelece o conhecimento profundo e a verdade para transgredir o regionalismo de sua obra e atingir uma potente reflexão sobre a humanidade que povoa não só uma pequena cidade ribeirinha no Nordeste brasileiro, mas também grandes metrópoles.

Direção inspirada
Claro que para o resultado de um texto de alto nível ser pleno em cena é preciso uma direção inspirada e Sergio Ferrara desenvolve um trabalho precioso. A encenação aposta na delicadeza, sem que isso diminua a grande intensidade dramática da história.

O diretor conduz o espetáculo estabelecendo e arrematando perfeitamente as cenas, fluindo mais naturalmente na maior parte dos diálogos, para criar imagens mais complexas e míticas emergidas da ação, atingindo ótimo resultado.

Épico regional
O elenco assume a missão de encenar a peça como verdadeiro épico regional, construindo com riqueza seus personagens. No excelente conjunto, é impossível não destacar a personificação marcante de Juçara Morais, que está irrepreensível como a velha maldita e amaldiçoada.

Pororoca é um achado, uma obra-prima instantânea da dramaturgia brasileira contemporânea.

POROROCA no Mundo MARAVILHOSO do BoB

FOTOS by BOB SOUSA: