quinta-feira, 23 de setembro de 2010

POROROCA invade PAULISTA


Com direção do premiado Sergio Ferrara, “Pororoca” estreia em 14 de setembro no Mezanino do SESI, na Av. Paulista. A peça, do autor maranhense Zen Salles, é resultado de todo o seu processo de estudos no Núcleo de Dramaturgia SESI/British Council, que durou um ano e teve a orientação da coordenadora e autora teatral Marici Salomão.

Zen Salles foi buscar nas lendas e mistos de sua terra natal a matéria-prima para a construção dessa peça, narrando todo o impacto que a pororoca (que significa “onda destruidora” no dialeto indígena) causa entre os ribeirinhos do Mearim, único rio do Maranhão onde acontece esse fenômeno natural decorrente do encontro das marés oceânicas com as águas fluviais, e que forma uma onda gigantesca que invade o rio até sua nascente.


















O real e o fantástico também se encontram e se misturam entre os seus personagens, que esperam a “onda medonha” passar, transformando a vida de pescadores que viram peixe, de quebradeiras de coco babaçu que se encantam com surfistas da pororoca, de brincantes do bumba-meu-boi que tiveram suas penas devoradas pelas piranhas do rio, e de mulheres rendeiras que bordam no bilro todo o seu desejo reprimido.

Entre todos esses personagens absurdos e ao mesmo tempo comoventes, Jacy é a índia que de tão velha já perdeu até a sombra. Ela conhece todos os mistérios do Mearim (“rio do povo” na língua tupi) e sabe mais do que ninguém que esse rio dá com fartura o que o seu povo precisa para sobreviver. Mas ele também cobra de volta o que tiram dele sem a sua permissão. E é aí que a Pororoca passa, invadindo o rio contra a correnteza e levando tudo que encontra pela frente.

























POROROCA - Centro Cultural Fiesp.
Av. Paulista, 1.313, tel. 3146-7405.
QUINTA, SEXTA 7 SÁBADO, às 20h30;
DOMINGO às 19h30.
É só chegar na bilheteria e pegar o convite na faiXa.



Sobre o autor

O maranhense Zen Salles tem 34 anos é formando em jornalismo pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e fez pós-graduação em Jornalismo Cultural e Jornalismo Multimídia pela PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica).





















Zen Salles, que trabalhou nos principais jornais de São Luís (sua cidade natal), participou do DramaMIX, evento que faz parte das Satyrianas, com as peças Sem GELO e On $ALE.
Também fez workshops e cursos em dramaturgia, com destaque para o do diretor inglês Max Key, da teatróloga Tereza Menezes e dos roteiristas Braulio Mantovani e Fernando Bonassi.

Sobre o diretor

Mineiro radicado em São Paulo, Sérgio Ferrara integrou o CPT (Centro de Pesquisa Teatral), supervisionado pelo diretor Antunes Filho por 10 anos (1987 – 1997). Depois disso, ele dirigiu espetáculos como Antígona, de Sófocles, na jornada SESC de Teatro com o ator Paulo Autran e Tarsila de Maria Adelaide Amaral; Barrela e Abajur Lilás, de Plínio Marcos; e Mãe Coragem e seus filhos, de Bertolt Brecht com a atriz Maria Alice Vergueiro. Com o ator Raul Cortez realizou a peça Fica Frio, do dramaturgo Mario Bortoloto, e recentemente no seu espetáculo O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, Luis Damasceno recebeu o Prêmio Shell de melhor ator.

Recebeu o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor diretor pelo espetáculo Pobre Super-Homem, de Brad Fraser.
Em 2005, em parceria com o escritor Ignácio de Loyola Brandão e a artista plástica Maria Bonomi, Ferrara realizou o espetáculo A Última Viagem de Borges sobre o escritor argentino, que foi indicado ao Prêmio Shell na categoria melhor cenografia.


Foi diretor convidado da EAD (Escola de Arte Dramática/USP), onde dirigiu a peça Vereda da Salvação de Jorge Andrade. Dirigiu, também, O Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, em comemoração ao centenário de morte do dramaturgo norueguês, com o apoio da Embaixada Real da Noruega no Brasil.

Juntamente com o Grupo dos SATYROS, ele desenvolveu um projeto sobre a Praça Roosevelt, onde dirigiu o texto A Noite do Aquário, de Sérgio Roveri.
Convidado pelo diretor Antunes Filho, em 2007, dirigiu seu primeiro trabalho para a Televisão. Em parceria com SESCTV, a TV CULTURA abre espaço para os novos teleteatros. Ele dirigiu O Encontro das Águas, repetindo a parceria com o dramaturgo Sérgio Roveri, premiado como o melhor dramaturgo do ano pelo Prêmio Shell.

Dirigiu, há dois anos, outro texto de Henrik Ibsen, Imperador e Galileu, com Caco Ciocler, Sylvio Zilber e Abrahão Farc. Já no ano passado, convidado pelo Ministro da Cultura e pelo FESTLIP (Festival de Teatro da Língua Portuguesa), viajou para os países africanos para dar aulas de teatro (Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique). Encerrou a viagem no Timor-Leste, na Ásia, e retornou a Portugal onde trabalhou oficinas com o Grupo de Teatro da Garagem, em Lisboa.

Processo seletivo

O texto foi escolhido entre os 12 produzidos pela segunda turma do Núcleo de Dramaturgia SESI – British Council, projeto criado em 2007. No ano passado, foi a vez da peça Notas da Superfície, do então autor estreante Felipe de Moraes, ficar em cartaz em novembro e dezembro.

Desta vez, mais 12 autores selecionados para o programa frequentaram aulas teóricas e práticas, assistiram a espetáculos, palestras e mesas redondas, com profissionais brasileiros e britânicos, e produziram textos orientados individualmente pela coordenadora e consultora literária do Núcleo, Marici Salomão.

Das 11 peças finalizadas, foram escolhidas cinco para serem apresentadas ao público: quatro em forma de leitura dramática, além da peça selecionada para montagem. Os textos selecionados para leitura dramática foram Um sol cravado no céu da boca, de Drika Nery, cada tanto todo vuelve como ahora, de Paloma Vidal, No Bico do Corvo, de Luís Roberto de Souza Junior e Elas de Bárbara Araujo.

Para Marici, a iniciativa de estimular o surgimento de novos autores, como Zen Salles, de prepará-los para o desenvolvimento de textos que falem ao nosso tempo, é fundamental para um teatro vivo e provocador.

POROROCA na MÍDIA!!!









quarta-feira, 22 de setembro de 2010

POROROCA na Revista VEJA




















Dirceu Alves Jr. (VEJA-SP):
De Zen Salles. Escrito pelo autor maranhense, o texto montado pelo Núcleo Experimental do Sesi é inspirado nas lendas e mitos do seu estado natal para narrar os efeitos que os fenômenos naturais causam nos moradores das margens do Rio Mearim. Entre esses personagens estão a índia Jacy, que de tão velha já perdeu até a sombra, e brincantes do bumba meu boi que tiveram suas pernas devoradas pelas piranhas. A direção do experiente Sérgio Ferrara conseguiu extrair a sensibilidade e beleza das palavras do autor e, mesmo com muita simplicidade, surte efeito.