sexta-feira, 25 de abril de 2008

DEUS sabia de TUDO...

Depois da NAVALHA, eu continuei a minha virada teatral com a peça "Deus sabia de tudo...", com Os FOFOS Encenam.



Já tinha me deliciado com essa peça quando li uma tese de Mestrado do Newton Moreno - A Máscara Alegre - que xeroquei na biblioteca da ECA. Sempre ficava imaginando essa peça incrível no palco.
Hoje tive a oportunidade de vê-la lá, em CENA... E é muito bom quando uma coisa consegue te surpreender. Melhor ainda: quando ela te emociona de verdade. Daí não tem + papo.

Pois é... Eu amei essa peça (a temporada acaba amanhã, corra, Lola, corra!).
E a peça tem aquele cenário simples, uma cama em tons vermelhos, tudo muito carmim, uma atmosfera meio Moulin Rouge por onde aqueles personagens fantásticos passam e repassam em várias cenas.
Em algumas destas cenas, eles - os personagens - falam quase a mesma coisa.
Assim acontece com o índio e o português, o escravo e o capitão-do-mato, os dois guerrilheiros do Araguaia, os cangaceiros...
Enfim... Em todos eles rola um sentimento às vezes acuado e, ao mesmo tempo, deliciosamente incontrolável... Pq não há armário nenhum no mundo que possa sufocar esse Etna preste a explodir.
É que tem amor na parada, brother... Simples assim, tipo clichêzão de novela das seis... Mas é assim, porra, fazer o quê, hein? Alguém quer saber se é gay, hetero e o caralho a quatro? Nãoooo! É amor e PONTO!


E se alguém me perguntar o que + me impactou nessa peça, juro de pé juntos que não saberia dizer.
Tudo é irrepreensível: a cena da bichinha pé-de-chinelo que é apaixonada pelas cuecas de um pedreiro marrento, a cena do beijo da enfermeira linha-dura no aidético em fim de linha, a cena do padre perdoando todas as injustiças da igreja contra os gays depois de fazer a linha Pinho Sol no banheirão da sacristia, a cena das duas mariconas concluindo que o tempo passou mas o amor entre eles continua o mesmo e - ótimooo- a cena do travecão que dá uma taca de pica no pit-boy homofóbico que matou a sua melhor amiga de Amaral Gurgel...
Enfim, todas as cenas são realmente um ESCÂNDALO!

Fernando Neves e Newton Moreno


Bem, eu já disse aqui antes e repito: sou FÃ assumido (ui!) do Newton Moreno, tipo fã daqueles que escrevem cartas quilométricas (hahaha) e rasgam a seda do back. Sem dúvida, o Newton é o grande cara da dramturgia na cena atual. Não tem pra ningué. O resto é patacoada. Ele consegue divertir, sensibilizar e emocionar. O seu texto transita com precisão e dinamismo por todas essas vertentes e o resultado é bem original, com uma pegada autêntica.
Enfim, Newton é LUXO e eu quero ser ele quando eu CRESCER. Se bem que ele já me disse pra eu deixar dessa MARMOTA e procurar pensar em coisa + produtiva... hehehe.

E o novo espaço dos FOFOS, hein? Muito FOFO mesmo. Adorei os banheirinhos, o barzinho, a sala de espetáculo. Tudo bem FOFO, a cara deles.



Aliás, grupo teatral que se valoriza tem mesmo que ter o seu próprio canto. Chega desse negócio de reunir uma moçada pra ficar dois ou três anos viajando no Sazon e, no final, não rola porra nenhuma. Cansei dessa PALHAÇADA. Teatro como trabalho voluntário, mas eu não faço nem fodendo. Respeito é bom, né... E um espaço próprio é um dos pontos essenciais pra quem quer se levar a sério. E eu tô muito a fim de me levar a sério. A hora do RECREIO já acabou, velho!
E eu quero mais é botar o meu BLOCO em cena.
E ponto FINAL!!!
PS: Ah, anota aí, vai! Os FOfos Encenam retornam no mês de MAIO com o elogiadíssimo "Assombrações do Recife Velho", espetáculo que consagrou o grupo e foi super disputado, lembra? Tanto que eu nem consegui ver da primeira vez. Mas, dessa vez, já me sinto na fila do gargarejo!!!

quarta-feira, 23 de abril de 2008

EpiCENTRO

Cara... Na hora do tal TERREMOTO que sacudiu a Cidade Infinita, eu tava na minha CAMA... hihihi...
E quatro ESTRELINHAS fluorescentes do teto do meu quarto começaram a cair.
Só me restou fazer quatro PEDIDOS.

Um DIA a CASA cai?

Andam dizendo que o EPICENTRO desse terremoto começou em alto MAR.
Mas será que foi culpa do tal padreco que se aventurou mar adentro cheio de balões de festinha de criança retardada espalhados pelo corpo?
Esses padres, hein?
Fazem de UM tudo pra virar PAUTA dos programas trash da Luciana Gimenez e da Márcia Goldsmith, né...
E já não me bastam os padres pedófilos?

Se joga, beee!


Daí eu fico só pensando: todo dia rola uma patacoada nessa cidade absurda.
Qual será a próxima presepada dessa cidade desvairada, hein?
Será um ataque do Godzilla, uma invasão de seres intraterrenos numa manifestação em conjunto com o MST reivindicando a ocupação do tal do Edifício London?
Ou, quem sabe um METEORO arrasando a fauna inclassificável da Rua Augusta, uma TSUNAME de tolete em pleno Rio Tietê?
Pororoca já tem, né...
Mas deixa a tal da Pororoca quieta lá pelas bandas da Alameda Barros... hehehe!

“Oh, my god”


Mas quem seria o tal do Richter, que dá nome a tal da ESCALA de abalos sísmicos? Seria aquele cantor do "Menina Veneno"?

Lembro que o nome dele era + ou - uma coisa assim... Me lembro tb, quando eu tinha uns oito aninhos, que passou uma novela chamada "A Gata Comeu...", com a Cristiane Torloni interpretando a inesquecível e abusada Jô Penteado.

Eis o tal DONO do abalo sísmico


Daí o tal Richter (é esse mesmo o nome do carinha?) cantava o tema dessa personagem insana, uma coisa tipo assim:

"Ela tem um jeito de andar... Só prá o vento,só prá o vento!

O cabelo esconde o seu olhar... Só prá o vento,só prá o vento!

Eu me lembro da primeira vez,eu sempre vou lembrar

Vinha contra o vento na beira do mar"


Essa música marcou a minha inocente infância. E até hoje eu quero comer a GATA... hehehe!


"Lucrécia Borgia é a mãe!"



Sobre o TERREMOTO em Sampa:
Um tremor de 5,2 graus na Escala Richter (que vai até 9), com epicentro no Oceano Atlântico, a 218 quilômetros de São Vicente e a 270 km de São Paulo, teve reflexos em 20 cidades paulistas e em pelo menos quatro outros Estados - Minas, Rio, Paraná e Santa Catarina. De acordo com o geólogo Cristiano Chimpliganond, do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), foi um terremoto de "magnitude considerável" que, se tivesse o epicentro no continente, poderia ter provocado danos graves. Ele lembrou que no dia 9 de dezembro, um tremor de magnitude menor (4,9 graus) provocou desabamento de casas e a morte de uma criança no norte de Minas. Não houve registro de pessoas feridas.

SOBRE o tal do PADRE dos balões a gás:
Equipes que realizam as buscas pelo padre Adelir Antônio de Carli, 42, encontraram na tarde desta terça-feira balões no oceano, nas proximidades de Florianópolis, em Santa Catarina. O sacerdote sumiu na noite do último domingo (20) enquanto tentava bater um recorde ao voar preso a balões de festa cheios de gás hélio.

sábado, 19 de abril de 2008

Pré-pós-tudo-bossa-band

Cara... Essa sonzeira de Dona Zélia já diz TUDO.
Muito DEZ!
Tudo a ver com esse mundinho de pessoas genéricas e modinhas fast foda...
Tudo muito artificial, uniformizado...
Um monte de "tribos" ridículas:
Góticos, EMO's, clubbers... Tudo um saco!
Programa de ÍNDIO mesmo.
E quer saber mais?
Hype é o CARALHO de asas tomando Red Bull!
Tô FORA dessas palhaçadsd todas!!!
E a Zélia tem toda a ração... Ops. Digo, razão:

"Todo mundo quer ser bacana
Álbuns, fotos, dicas pro fim de semana
Filmes, sebos, modas, cabelos
Cabeça-feita, receitas perfeitas
Descobertas geniais
Todo mundo acha que é novo
Tribos, gírias, grifes, adornos
Ritmos exóticos, viagens experimentais

Pré-pós-tudo-bossa-band
Mente que sempre muito bem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Gosto que me enrosco em quem?
Pré-pós-tudo-bossa-band
Não sei, mas tô dizendo amém

Todo mundo quer ser da hora
Tem nego sambando com o ego de fora
Caras, bocas, marcas estilos
O “ó” do bobó, o rei da cocada
A pedra fundamental
Todo mundo quer ser de novo o novo
O ovo de pé, o estouro
Ícones atlânticos
O dono da voz crucial

Pré-pós-tudo-bossa-band
Não ví, mas sinto que já vem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Moderno, eu não te enxergo bem
Pré-pós-tudo-bossa-band
Tá cego, mas tá guiando alguém
Eu, hein!!!"

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Apocalipse NoW!

Eu, hein... Cruz, credo!

Vai de RETO!!!

Olhe bem praquele ali da foto, aquele mesmo que se diz PAPA daquela santa e amada igreja que já jogou muitos de seus desafetos na FOGUEIRA.

E me diz agora se ele não tem cara de governanta nazista?

Tem né!

E, além do mais, dizem por aí que ele é totalmente linha-dura e que faz ‘vista-grossa’ pros seus companheiros de igreja que adoram PAPAR criancinhas indefesas.
Queima, SENHOR!


Já o outro da foto, esse mesmo que se diz PRESIDENTE da maior potência do mundo, adooora inventar uma MENTIRA só pra matar a sua sede de sangue...

É isso aí, brow, o pica-grossa dos EUA é chegado num FOGO cruzado, com muita bomba explodindo, cabeças voando por todos os lados, corpos dilacerados, tudo em nome da tal PAZ mundial entre os homens de boa vontade.

Mas que PAZ é essa?

E aonde foi que se enfiou essa tal de BOA vontade desses homens?

Pois é, mano, pode chutar, vai!

Chuta esse tal de BUSH agora!


CHUTA que é MACUMBA!!!


E tem mais: ambos odeiam a diversidade.

Sexo? Mas nem fodendo! Pra esses dois daí da fotinha, sexo só serve mesmo pra procriar... Uma coisa tipo papai-mamãe. E sem camisinha, tá! Pq camisinha é coisa de viado. E, pra essas duas criaturinhas ‘pacíficas’, viado tem mais é que morrer esturricado com um espeto enfiado bem no meio do CU e, de preferência, dentro da fogueira da Santa Inquisição, como nos velhos tempos da Idade Média, tempo em que esse tipinho de gente pintou e bordô com tinta carmim.

Enquanto isso, na tal da Casa Branca, Bush e Bento XVI posam de amiguinhos de infância, um cantando Happy Birthday pro outro. Na maior harmonia, na maior inocência. Pois é assim que caminha a humanidade ultimamente graças a esses dois aí.

E olha que ainda tem gente que diz AMÉM pra eles... Saravá!!!!

Nossa Senhora da MISERICÓRDIA... Reggae por NÓS!!!

CHIPado


Aquele maldito CHIP...

Ele até achava que era merecedor de toda a sorte de desgraças e punições. Mas aquele CHIP era sofrimento demais prum cara que só soube se foder na vida. Aquela coisa era de uma crueldade sobre-humana.

Agora, ele tinha que andar com aquilo cravado no seu tornozelo por todos os cantos, sempre ostentando aquela ‘medalha’ pra quem quisesse ver. E o pior de tudo é que todos estavam ávidos para vê-lo com o tal do maldito CHIP.

Ele era capaz de tolerar qualquer coisa: as noites mal-dormidas, as lembranças do crime absurdo que cometeu, as intermináveis surras que recebia diariamente dos seus companheiros de cela naquele inferno em forma de penitenciária.


TUDO era mais suportável que os olhares de ojeriza, de repugnação e até mesmo de ódio das pessoas quando o viam com aquele maldito CHIP.

E não existe nada pior no mundo que um olhar de condenação.

Ele até desejava apodrecer naquela cela por mais de vinte anos, cem, mil, até mesmo por toda a eternidade...

Qualquer coisa, menos aqueles olhares...

Olhares IMPIEDOSOS de uma gente sem a menor COMPAIXÃO.



Tornozeleira com chip para presos em SP

Assembléia de SP aprova tornozeleira com chip para monitorar preso.
Agora falta a sanção do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Autor do projeto afirma que equipamento dificulta a fuga.
Os deputados estaduais paulistas aprovaram nesta quarta-feira (2) o projeto de lei443 que determina a utilização de pulseiras ou tornozeleiras equipadas com "chip" emdetentos beneficiados por indulto ou liberdade condicional. Agora o projeto só depende da sanção do governador José Serra (PSDB).
As tornozeleiras eletrônicas vão permitir ao estado, identificar a localização do preso. De acordo com o projeto, a Secretaria de Administração Penitenciária vai equipar cada presídio com equipamentos eletrônicos que vão monitorar os equipamentos colocados nos condenados.
A justificativa do deputado Baleia Rossi (PMDB), autor do projeto, é que em países onde o sistema é adotado é muito difícil o preso fugir da fiscalização do Estado. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, mostrou-se favorável desde o início do debate ao uso de chips em presos que cumprem regime semi-aberto.

FABULOSO destino

Personagem da SEMANA:

Amelie Poulain!


Ela sempre foi tão GENEROSA com todo mundo...

Mas, um belo dia, a VIDA decidiu ser generosa com ela também.

E ela não se fez de rogada.

Le Fabuleux Destin!


Essa Amelie, hein?

Essa é das minhas!!!

Partículas ELEMENTARES

Vi ontem esse filme dirigido pelo Oska Roehler, com a atuação deliciosamente absurda do Moritz Bleibtreu, que inclusive faturou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim.
O filme é cheio de flash-backs, tem uma acidez, um humor cáustico, às vezes debochado mesmo... Mas é incrível, gostoso de se ver.

E o Moritz, hein? Que puta ator... Bem bom de se apreciar numa telona!

Achei “Partículas Elementares”até um pouco semelhante a um outro filminho tão excitante quanto este, um tal de “Mistérios da Carne”, que tb tem um protagonista completamente compulsivo por sexo e um outro totalmente nerd. Mas em “Partículas Elementares” a pegada ganha contornos bem, digamos, familiares.


Pois é... Esse filme tb aborda aquela temática pra lá de óbvia, uma coisa já mais que explorada e revisitada pelo cinema, pela literatura e pela dramaturgia em geral: o tal dos conflitos que envolvem a difícil relação familiar.


Saca aquelas tretas mal-resolvidas entre pais e filhos, o filho querendo comer a mãe, Complexo de Édipo pra cá, Complexo de Jocasta lá e toda a mitologia greco-romana no divã? Pois é... O filme tem essa vibe.


A partir do reencontro de dois irmãos por parte de mãe, o filme 'denuncia' seres extremamente carentes, que sempre precisaram do colo da mãe... Mas ela sempre tava pelo mundo, dando pro primeiro maluco que cruzasse o seu caminho.

E essa falta da mãe se faz presente na existência equivocada de seus dois filhotes mesmo depois 'adultos'. Equívocos esses que se manifestam em posturas e comportamentos bastante extremados. Seja no muito, seja no pouco, os dois personagens centrais caminham em pólos opostos.


Um dos irmãos é + um daqueles típicos escritores frustrados, que dá aula em um colégio cheio de gatinhas apetitosas, que adoram fazer a linha “ao mestre com carinho”. E ele é um cara completamente desestruturado emocionalmente, com comportamentos que beiram o absurdo.

Ele é capaz, por exemplo, de botar um pouco de sonífero na mamadeira do filho só porque o bebê não pára de chorar. E ele já tá beirando os 40 anos e todo dia toca uma bronha como um típico adolescente cuzão.


E entre uma punhetinha e outra, o cara passa por uma crise fodida. Mas ele quer mudar de vida, parar com essa obsessão por sexo... Ele quer se enquadrar naquela felicidade dos contos de fada, ser fiel a uma mulher apenas, esquecer o passado de devassidão.

Daí ele encontra uma mulher + pirada do que ele num campo de nudismo que reúne atividades tântricas (tinha que ser). E eles passam a freqüentar clubes de pegação, swing, vão até o limite do prazer. Mas tudo sempre tem um limite, né? E os dois vão ter que encarar os seus. Sem chance de saída, de fugir pela esquerda!

Já o outro irmão é totalmente nerd, o gênio da matemática, com as suas teorias chatas que tomam todo o seu tempo e não deixam vaga pra mais nada. E ele vai encarando aquela vidinha entediada, sempre fugindo dos seus desejos, dos seus instintos...

E nessa batida imperfeita, ele quase perde a mulher que sempre o amou de verdade, que sempre esteve ali do seu lado, desde a infância. Mas nem mesmo o ato sexual conseguiu ter uma brecha na vida dele, talvez pq a liberdade sexual da mãe sempre foi encarada por ele como uma coisa promíscua, sem um fim que justificasse os meios.

Enfim... Grilos e encanações de um matemático legalmente nerd.

No final, eles acabam se achando dentro de toda aquela confusão que eles mesmos aprontaram. Se bem que, dentro desse achar a si mesmo, pode rolar até uma vibe, digamos, esquisofrênica.


Ah, esse filme é uma adaptação do best-seller homônimo de um tal de Michel Houellebecq. Eu nunca li nada desse cara. E nem tô a fim de ler. Já ando acupadíssimo com as minhas leituras atrasadas e não vou arrumar mais uma, né.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Para o alto e AVANTE!!!


Meu analista me disse hoje que eu tenho uma atração natural pelo abismo.

Ou seja: eu me jogo mesmo.

E qual o problema, broW?

Segundo ele, problema nenhum!
Muito pelo contrário: se jogar de cabeça no seu próprio abismo pode até ser beeem produtivo.

Mas depois de um bom paraquedismo, um RAPEL tb pode pegar muitíssimo bem.

E eu já me SINTO totalmente nessa VIBE!!!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

DESEJO + PECADO = BRANDO

Personagem da Semana:

Stanley Kowalski

Foi com aquela camiseta branca, apertadíssima no tórax definido, suado, melado de sangue e carregando carnes na costa, com o seu jeitão marrento, totalmente casca-gossa, que o maior astro do cinema conquistou definitivamente a nossa imaginação.
Era um Marlon Brando bruto, viril, no auge da beleza e da sensualidade.
E ainda tinha o seu grito.
Quem ouviu aquele grito jamais esqueceu.
Como era mesmo o GRITO dele?

“STEEEEEEEEELA!!!”


Estou falando dele, ninguém + que o Brando, no filme que – pelo menos no Brasil – recebeu o sugestivo nome de “Uma Rua chamada Pecado”. Filmaço que foi baseado na incrível peça teatral do Tennessee Williams: “Um Bonde Chamado Desejo”.

Pecado, desejo, rua, bonde... Ah, tanto faz!

Brandon é bem maior do que tudo isso.

E teve uma parceira a altura de seu talento: Vivian Leigh, como a neurastênica Blanche DuBois, uma das personagens + fascinate da dramaturgia mundial, aquela mesma que sempre dependeu da bondade dos outros.

Blanche e Stanlay: "A Streetcar named Desire"

Vivian tb se tornaria inesquecível na pele da intempestiva e caprichosa Scarlett O'Hara, papel que a consagrou de verdade.

Como Blanche, ela apenas serviu de estímulo pra toda a voracidade de um indomável e irresistível Stanley.

Até hoje, tem gente que passa mal ao assistir esse filme. E tudo por culpa dele, o tal do Marlon.


Pois é, criatura... Marlon Brandon, como nenhum outro, soube imortalizar o Stanley Kovask.

Bonde? Rua? Quem se importa? O que interessa é o desejo, é o pecado... É Stanleu, é Brando!

domingo, 6 de abril de 2008

Vamos COMER Caetano?

"Você traz a Coca-Cola, eu tomo
Você bota a mesa
Eu como, eu como, eu como, eu como...
EU COMO VOCÊ!!!"


Um Caetano bem na fita, desmistificado, sem aquela coisa de pedestal, de rei da cocada preta... Enfim, um Caetano de verdade, com aquele seu jeito naturalmente cosmopolita de ser, mas de quem nunca perdeu a essência de sua Santo Amaro natal.

"Coração Vagabundo", documentário do bonitinho do Fernando Grostein Andrade é muito MASSA, envolvente, fofo mesmo. Eu vi ontem, no encerramento da edição 2008 do "É Tudo Verdade". E se eu já gostava do Caê, fiquei de quatro de vez.

Eu quero COMER Caetano.
Já me sinto!

"Come as you are, as you were,

As I want you to be

As a friend, as a friend, as an old enemy..."


O documentário começa num show que o Caê fez no Hotel Fasano. Depois, o acompanha em sua turnê "A Foreign Sound" pelas duas cidades + absurdas do planeta: NY e Tókio.
É cheio de ceninhas bacanérrimas, como a da japa querendo tirar uma soneca no metrô de Tóquio. Ou quando um taxi driver de NY diz que, na voz de Caetano, finalmente conseguiu entender a letra da canção "Come As You Are", pq com o Kurt Cobain era praticamente impossível.
Tb rola até uns depoimentos de uma moçada que já não precisa provar + nada, tipo o Almodovar e o David Byrne, do Talking Heads. Esses feras rasgam a seda do back em torno da figura do Caê.
Adorei aquela coisa do Caetano brincando de BOQUETE Show, enquanto ajeitam o ziper dele antes do seu show no Fasano.
Já no Carnegie Hall de NY, foi bacanérrimo mostrar a Gisele Bundchen pagando pau pro Caê. E a tal da Paula Lavigne - casada com o Caê na época - cagando pra babação de ovo da umber model. Paulinha até zoa da situação, dizendo que, se é pra levar um chifre, que a coisa seja de ouro, com um chifre feito pela top número UM do mundo. Tb acho!

Antes desse show, vemos um Caetano nervoso, um artista vindo de um país do dito Terceiro Mundo (já não caiu?) que vai encarar "O" templo musical da dita 'capital do mundo'. Caê fica preocupado com a voz, quer ficar calado e sugere pro Fernando que ele faça um documentário tipo um filme do Ingmar Bergman, com longas seqüências de cenas silenciosas, com a câmera paradinha, lá no canto. É hilário!

E por falar em cinema, esse documentário mostra uma cena muito GENIAL. E é com o cineasta Michelangelo Antonioni se emocionando com a sua própria obra (o filme "Profissão: repórter") , enquanto a sua esposa Enrica sugere uma viagem pra Bahia. Juro que meu coração fez biquinho pra não chorar.


O genial Antonioni


Entre várias cenas que o Fernando fez no Japão, eu adorei aquela cena onde o Caê mostra a paisagem que ele tem da janela de sua suíte master. Ou seja: nada, tudo muito diminuto, compacto, a cara do Japão.

Depois, Caê diz que ficou constrangidérrimo na Alfândega do aeroporto de Tokio, com uns japas revistando a mala dele cheia de cadernos com desenhos de machonha e armas de fogo. E os caras ainda pegavam no pau dele. Como o próprio Caê disse: "que coisa mais chata aquele cara ficar pegando no meu pau. Se eu pelo menos o conhecesse". HAHAHA... Muito bom, muito bom!


Tb curtir as declarações que o Caê faz sobre religião e o tempo. Pra ele, esse negócio de religião é só papo de gente que quer dominar o outro através de um discurso obscurantista.

Sobre o tempo, Caê diz nesse documenário que não se importa em envelhecer. Até pq o velho de hoje em dia é bem diferente da imagem que se tinha no passado, aquela coisa caquética, sem Viagra pra salvar as tardes livres. "Prefiro ser e estar vivo. Eu sou solar e quero ser feliz", poetiza Caê.

E sobre a polêmica em torno da melhor música do mundo?
Aí Caê se revela NADA bairrista, sem aquela brasilidade cafona, verde-amarela, ultrapassadíssima. Caê é coerente. Sabe que pertence a um país subdesenvolvido, que não valoriza a sua arte, que não procura um rumo certo e vai levando as coisas do jeito que estão. E, evidentemente, um povo que não valoriza a sua própria cultura não pode nem se dar o luxo de querer se comparar com a produção artística de uma potência mundial que há muito tempo investe pesadamente e intensamente em CULTURA sim, senhor.

Ah, como já era de se esperar, a trilha desse documentário tá do caralho. Vai desde a canção que dá título ao filme, "Coração Vagabundo", até o "Cucurrucucu Paloma", com aquela cena incrível do Caetano cantando pras mulheres do Almodovar no filme "Fale com Ela".

Pois é... O menino bonito Fernando Grostein Andrade arrasou nesse documentário, mandou suuuper bem. Quero mais filminhos desse moleque. Meu apetite é VORAZ!

E o Caetano, hein? No final ele diz que não é e nem quer ser um fodão. Mas tio Caê é FODA sim, mesmo sem querer. Ele é um prato farto e fim de papo. Nossa GULA agradece!

"Vamos comer Caetano

Vamos devorá-lo

Degluti-lo, mastigá-lo

Vamos lamber a língua..."

Afogando-me

Neste sabadão, ontem, eu fui conferir a versão do Antunes Filho para o texto de Nelson Rodrigues + concorrido na cena atual de Sampa: "Senhora dos Afogados", óbvio!
Caaara! Podem chamar o Antunes de tudo: de jurássico, de highlander, de boçal, de atirador de cadeiras em cima das inocentes criaturas do CPTzinho... Mas que o tiozinho manda bem... Ah, isso até os que morem de inveja dele têm que concordar.

"Tenha pena dela, mamãe, ó tenha dó..."

A montagem, em cartaz no Sesc Consolação, tá elegantíssima, econômica e bem técnica. No palco, apenas algumas cadeiras, uma luz na medida certa, figurinos num estilão meio dark (quase góticos), piano no canto do palco e, óbvio, óóótimos atores (alguns técnicos d+, é verdade).
Angélica di Paula faz uma Moema de assombrar. Essa é + uma atriz que o Antunes pode se gabar de ter lapidado, como tantas outras. Pra mim, foi a grande revelação dessa peça. Ela já entrou na minha listinha VIP de atrizes preferidas. Azar o dela de ser tão boa.
Tb tem o tal do Lee Thalor, que já arrasa no nome, né. Já tinha visto o cara na "Pedra do Reino". E, mais uma vez, esse goiano deu show. Que voz, hein? E que sarcasmo, ironia, domínio da palavra. Chapei na atuação desse carinha. Muito bom, muito bom.
Pelo menos, nesses dois, as 'cadeiradas' do tio Antunes andam fazendo efeito... hehehe.
Pendurar as chuteiras? Ainda Não... E dá-lhe cadeiradas!!!

Outros detalhes cênicos e algumas figurinhas em cena nesta peça eu até que curti, como:

As putas do cais cantando aquela irritante musiquinha: "tenha pena dela, mamãe, ô tenha dó... Ela é filha-de-santo, São Benedito tenha dó..." A coisa é tão irritante que eu até gostei. Adoooro coisinhas tipo trash (nem todas, vai);

As coroas de flores dos vizinhos futriqueiros (hilário);

A PLATAFORMA altíssima do vendedor de pentes, interpretado pelo folclórico Geraldinho. Incrível! Morri de inveja. Um autêntico salto duplo twist carpado. Quero um par daqueles só pra mim.

Tem outras coisas, mas eu não lembro agora. Muita informação, véi!


O resto é tudo muito técnico, com aquele jeito de falar meio modulado (parece até que o povo do Macunaíma foi acometido por uma crise de bulimia braba) e muito tambor, coreografias pra cá, corre pra lá... Um verdadeiro bloco na rua de vizinhos mal-fodidos.
Nem sei se curti as tais vizinhas do Antunes. Ou até mesmo o choro desavergonhado dakela velhinha. Às vezes, eu achava muito técnico, outras eu achava incrível. Não sei. Não sou crítico de teatro. Sou dramaturgo (ui!). Quem era crítico era o Sábato Magaldi, a quem o Macunaíma dedica esse competente espetáculo. O cara merece mesmo. Macunaíma arrasou!

E o Jô estava na platéia. Ele mesmo, o gordo global. Será que ele tb tá pensando em montar o "Senhora dos Afogados"? Nãããããããão, Jô, mil vezes NÃO! Chega de afogamento! Já nos basta o mosquitinho da Dengue. E eu não aguento + tanta "Senhora dos Afogados" espalhados em cada canto dessa cidade intransitável, né. BASTA!

"Não adianta me ver sorrir, espelho meu riso é seu
Eu estou ilhado.
Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô"

Arte pra CONSUMO


Não é tudo do Takashi Murakami que eu curto.


Mas tem umas coisinhas dele que eu acho incríveis!



E ele tá com uma exposição bacanérrima em NY.



Alguns o odeiam, simplesmente pq esse japa é feito pra consumo e não tem o menor problema com isso. Até pq as suas 'pirações' estão estampadas em bolsas da LV.


É, broW! Akelas japonesinhas - que passam fome e até se prostituem em Tokio só pra comprar uma bolsinha dessas - vão pirar o cabeção. Pelo menos elas vão rodar as bolsinhas com estilo, né. Pq as nossas putas da Augusta continuam exibindo as suas LV made in 25 de Março.

Japa fashionista?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Nelson MANIA

"É preciso ir ao fundo do ser humano.
Ele tem uma face linda e outra hedionda.
O ser humano só se salvará se,
ao passar a mão no rosto,
reconhecer a própria hediondez."


Caaaara... DESAFOGUEM o NELSON!!!
Todo mundo nessa cidade resolveu encenar "Senhora dos Afogados".
Tem a montagem do jurássico Antunes Filho, uma outra versão feita por uma galera lá pelas bandas largas do Centro Cultural da Vergueiro e, só pro Nelson BOMBAR de vez, ainda tem a aguardadíssima versão da trupe do Oficina, do tio Zé Celso, que deve estrear logo mais... Ufa!

Uma verdadeira OVERdose de Nelson.

Parece até um surto de DENGE hemorrágica.

Senhora dos Afogados versão Macunaíma


Mas tio Nelson nunca é d+!


Pode deixar esse mosquitinho mergulhar no teu balde de água parada que, pelo jeito, não vai faltar gente querendo se contaminar com essa modinha teatral da vez.
E dá-lhe Nelson!!!

E olha que 2012, ano do centenário do nascimento do dito 'anjo pornográfico', ainda tá meio longinho, né.

Sem falar que, ainda no segundo semestre deste ano que já tá a mil, rola a versão tipo David Lynch pro "Vestido de Noiva" da moçada antenadíssima dos Satyros.

E vc acha pouco, broW?

Então confira "As Noivas de Nelson" e "17 X Nelson", tb em cartaz por aí... É Nelson que não acaba mais.


Senhora dos Afogados versão que tá rolando lá na Vergueiro

E qual será a próxima modinha na cena teatral da cidade intransitável, hein? Será que vão ter a ousadia e a coragem de arriscar em textículos de novos autores, uma coisa assim... Ah, sei lá! No melhor estilo ZENcensura?
Tá na hora desse povo se desafogar da mesmice e apostar em novos mergulhos, não achas?

It's All True

Walk in silence,
Don't walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,
Endless talking,
Life rebuilding,
Don't walk away.


Pois é, broW... A versão 2008 da mostra de documentários "É Tudo Verdade" tá super musicada, né?


Tem documentário sobre o tio Caê, sobre o Wilson Simonal, sobre o Waldick Soriano, o Joy Division... Enfim, até domingo, tem maloqueiro levando o seu iPod pra vê se consegue baixar alguma coisa nessa mostra cinematográfica!!!

"MEU CORAÇÃO NÃO SE CANSA
DE TER ESPERANÇA
DE UM DIA SER TUDO O QUE QUER"


E quem andou baixando no Cinesesc, no dia da exibição do "Coração Vagabundo", foi a doce Sandy Leah (Grease + Star Wars?). Foi um festival de fashs, uma agitação por todos os cantos... Bafão, brow!
Só sei que os candidatos a cineastas e intelectuais de SEBO ficaram emocionadíssimos com a presença da criatura ex-sertaneja e agora candidata a musa do jazz. Todo mundo querendo tirar fotinhas com Sandy, babar o ovo da bonitinha, tocar nela (ui!).
Quem diria, a mocinha comportada parou a Augusta!


Mas a coitada não tem culpa, né, de ser aquela coisinha sempre risonha, sorrisinho Colgate na boca, tipo paçoquinha diet made in Campinas. Ai, ai, meu colesterol!



E eu só queria ter um cartão de crédito igualzinho ao dela. Mas eu chego lá!


Que cocê foi fazer no mato, Maria Chiquinha?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

NoiTES DE CabíriA

Personagem da SEMANA:

"Pobre menina, não tem ninguém"




Adaptar o Personagem ao Ator


Se penso nos filmes que rodei com Giulietta, posso dizer que a construção de minha personagem é baseada inteiramente nas suas possibilidades de atriz. Em geral, quando penso em uma história, já sei com bastante exatidão quais serão os intérpretes de meus personagens principais. Por exemplo, Os Boas Vidas foi escrito sob medida para Sordi, para Trieste, para Interlenghi, para meu irmão...


Em suma, eu gostaria de dizer isso: que jamais cometo (e talvez esteja aí o único sistema que se pode identificar no meu método de trabalho) o erro – pois isso me parece um erro – de adaptar o ator ao personagem, mas faço sempre o contrário, o que significa que me esforço para adaptar o personagem ao ator. Nunca peço ao ator um esforço de interpretação particular, ou seja, nunca me obstino a fazê-lo dizer meus diálogos num dado tom.
O caso de Giulietta interpretando Gelsomina é o único exemplo em que obriguei uma atriz que tem um temperamento exuberante, agressivo, até pirotécnico, a fazer o papel estilizado de uma criatura retraída de timidez, com um clarão de razão e de gestos sempre no limite da caricatura e do grotesco. Isso me demandou um esforço muito grande e nesse caso particular, Giulietta, contrariamente ao que ela fez por Cabiria, precisou de um esforço de interpretação muito grande, porque Gelsomina é uma “interpretação” enquanto “Cabiria” estava muito mais na sua afinação, com sua agressividade, seu temperamento quase um pouco alucinado, sua prolixidade.

É sempre difícil remontar justo à fonte da inspiração, mas eu poderia contar a esse propósito como nasceu o fim de Noites de Cabíria. Ele não nasceu apenas como fim, mas também como a idéia geradora de todo o filme.

No fundo, essa é uma atitude muito inumana da parte de um autor perante seus personagens. Portanto, investindo toda minha boa vontade (como se eu tivesse enfim resolvido dizer a meu personagem: “Você compreendeu bem, você fará isso ou aquilo”), me perguntei: “O que vou lhe dizer?”. E depois de pensar sobre isso durante muito tempo, percebi que não saberei o que lhe sugerir, porque não sei o que dizer a mim mesmo. Assim sendo, aos meus personagens, que são sempre tão infelizes, a única coisa que poderei oferecer será minha solidariedade: e assim poderei, por exemplo, dizer a um deles: “Escuta, não posso te explicar o que não sei, mas, em todo caso, te amo o suficiente e te ofereço uma serenata”. E assim, para Noites de Cabiria, pensei: quero fazer um filme que conte as aventuras de uma infeliz que, a despeito de tudo, espera confusamente, ingenuamente, por melhores relações entre os homens, simplesmente melhores relações; e ao fim do filme quero lhe dizer: “Escuta, fiz você passar por todo tipo de desgraça, mas você me é tão simpática que quero compor-lhe uma pequena serenata”. E depois, sobre essa idéia talvez um pouco ingênua, imaginei uma cena. Tratava-se de uma mulher, de uma personagem infeliz que, ao fim de uma aventura ainda mais terrível que as outras, deveria perder de maneira absoluta e definitiva sua confiança na humanidade que a rodeava.


E então me perguntei: por que essa personagem, num dado momento, não pode se convencer de que há alguém que lhe diz gentilmente e com simpatia: “Você tem razão”? E assim essa personagem se tornou Cabiria, e suas aventuras se tornaram aquelas de uma prostituta que vive como um pequeno camundongo num meio aterrorizante, continuamente esmagada pela realidade, mas que atravessa a vida com inocência e aquela misteriosa confiança. Ao fim do filme eu a faço encontrar um grupo exuberante de pessoas bem jovens, de uma humanidade ao limiar da vida, que gentilmente, debochando um pouco mas com candura, exprime-lhe sua gratidão cantando uma canção. Foi dessa idéia que, finalmente, nasceu todo o filme.


No que concerne minha colaboração com Giulietta, posso dizer que Giulietta não é somente a intérprete de meus filmes, mas que ela é também a sua inspiradora; não entendo por isso que a ajuda que ela me traz seja semelhante àquela de Pinelli, de Flaiani, de Rondi, quero dizer inspiradora num sentido bem mais profundo, à maneira de uma musa. Isso equivale a dizer que a vida com Giulietta – o que penso disso, a idéia que faço dela, do que pode ser sua humanidade, do que pode ser seu sentido na minha vida – me inspirou A Estrada da Vida e Noites de Cabiria.


Federico Fellini(Publicado em Cahiers du Cinéma nº 84, Junho/1958; traduzido do francês por Luiz Carlos Oliveira Jr.)