quarta-feira, 14 de maio de 2008

Clitemnestra FASHION WeeK

Numa dessas micadas páginas de relacionamento, um não tão desconhecido mocinho da Alameda Barros se descreve como um rapaz TÍMIDO e INOFENSIVO.

Pois é...

É que ele odeia correr PERIGO e, tb, se meter em aventurinhas casuais.



Mas algo iria dividir a vida desse mocinho da Alameda Barros em ANTES & DEPOIS.


Era uma segunda-feira totalmente froZEN na Cidade Infinita e ele acabara de sair de seu curso de feng shui (ele decidiu fazer essa porra só mesmo pra não morrer de TÉDIO).

Passeava pela Paulista escondendo o seu rosto no capuz do seu casaco da Adidas, pois ele tb odeia chamar a atenção, mesmo que isso seja quase sempre INEVITÁVEL.


O céu de um azul intenso das tardes de outono já se desfazia. Hora do rush, caos total, a iluminação amarelada da 'avenida surtada' se acendendo pouco a pouco e o neon gigantesco em cima do Conjunto Nacional anunciando a HORA exata: 17:55.

Quando deu por si, o nosso inofensivo mocinho da Alameda Barros estava passando em frente daquele cineminha cabeçudo na esquina da Paulista com a Consolação. E um cartaz anunciava o novo filme do irresistível Woody Allen , o "papa-anjo" + divertido de NYC. E o nome do filme não podia ser mais sugestivo: "Cassandra's Dream".



E sugestivo por qual razão?

É porque o inofensivo mocinho da Alameda Barros se considera tão incompreendido como a tal da personagem mítica que dá título ao filme do tio Woody. Aliás, o nosso inofensivo mocinho da Alameda Barros ADOOORA se fazer de VÍTIMA. Só por puro charme mesmo. Coisas de canceriano com LUA em Leão.

Mas vamos direto ao PONTO... Ou melhor, ao CRIME.

Não o crime que os protagonistas de "O Sonho de Cassadra" se metem pra agradar uma putinha que mal chegou na terra da Rainha caquética. O crime relatado a seguir aconteceu logo após o término da sessão desse filme. E foi brutal, violento, de uma crueldade nardoniana.

É que uma DUPLA de belas e sensuais mulheres abordou o pobre mocinho da Alameda Barros no final da sessão.

Uma delas tinha uma pose meio metidinha, tipo da garota que torra o American Express do pai no Iguatemi... Ela é meio blasé mesmo, tem cara de intelecutal, daquelas que tomam café com chantilly na Casa do Saber, sempre arrotando referências literárias e falando de vinhos caros.
Já a outra faz uma linha mais despojada, num estilão tipo fã número UM do David Lynch e do John Cassavetes... Segundo diz a sua ficha criminal, ela já fez curso de cinema na Oswald de Andrade, freqüenta rituais indianos e ainda ostenta um autêntico Black PoWer de fazer inveja aos Jacksons FIVE.

Cassavetes sob influência?

Resumo do B.O.: ambas têm até um certo charme, uma certa sofisticação. Mas são da mais alta periculosidade, típicas garotas dos Jardins. E como já disse o outro maranhense naquela musiquinha irada: "as meninas dos Jardins gostam de RAP... HAPPY End!"

Infeliz daquele pobre e inofensivo mocinho da Alameda Barros que teve a péssima sorte de CRUZAR com essas duas criaturas do lado cruel da força.

Elas invadiram o banheiro onde o coitado (ele não tava fazendo a linha Pinho Sol não, viu) tirava inocentemente o excesso de óleo que encharca naturalmente a sua pele bem-tratada. E elas apontaram para ele uma MÁQUINA ZERO e ameaçaram o coitado dizendo que iriam tirar dele os restos de fios de cabelo que ainda lhe sobravam se ele se recusasse a seguí-las numa AVENTURA tão suspeita quanto elas.


Era um SEQUESTRO-RELÂMPAGO sim!!! Ou melhor, um seqüestro Fast Food, pq essas meninas dos Jardins são do tipo GULOSAS, adoram McFRITAS acompanhadas com Sprite Zero e, além do mais, esse negócio de seqüestro-relâmpago é coisa de programa policial de quinta categoria. E essas bandidas odeiam o Datena e seus genéricos.

De qualquer forma, o inofensivo mocinho da Alameda Barros tentou gritar, espernear, mas ele é o cúmulo da timidez, não gosta de BAFÃO, tem horror do terror.

Só lhe restou uma MUDEZ inexplicável diante daquele verdadeiro atentado ao PUDOR... E a sua vista escureceu, deu TILT nele, não lembrou de mais de NADA.

A intrépida DUPLA de garotas de altíssima periculosidade não se fez de pudica e levou aquele pobre rapaz da fina e religiosa Alameda Barros até o Bar do Léo, lá na Rua Aurora, no céu da Boca do LiXo, em plena Cracolândia, reduto de putas, freaks, viciados, pansexuais, cineastas, dramaturgos, roteiristas, atores passivos e tudo que há de mais pornográfico nessa Cidade Poluída. E encheram a cara do coitado de cachaça barata, meteram 51 no cú dele e o infeliz caiu de boca na 'marvada'.

No final de tudo, óbvio, o otário pagou todo o prejuízo com o seu já estouradíssimo cartão de crédito, enquanto as duas garotas soltavam gargalhadas de um estranho PRAZER.

Na manhã seguinte (pra esse inofensivo mocinho da Alameda Barros, 'manhã seguinte' significa acordar entre o meio-dia e às 13:00h, ou até mais que isto), ele levantou de sua confortável cama com um gosto armago de pinga barata na boca. Sua cabeça estava mais pesada que a sua consciência, seu corpo de anjo estava completamente maculado, ardido, com um fogo no rabo.

Ele tentou se levantar, quase derrapando em seu próprio vômito. SIIIM!!! A sua bílis repousava candidamente por todo o chão de seu quarto.

O inofensivo mocinho da Alameda Barros pediu a morte, queria que o mundo se acabasse, que o Cometa Halley atingisse o nosso planetinha e mandasse tudo pro espaço.
Como é que ele iria encarar os seus vizinhos, quase todos tiozinhos e tiazinhas distintas, que freqüentam o coral da Igreja de Santa Cecília?

A VIDA dele se acabava ali, junto com o seu vômito esverdeado!

Ainda bem que a memória daquele mocinho da Alameda Barros é SELETIVA. Ele dormiu, dormiu e, no dia seguinte, o que não o interessava mais estava devidamente deletado de sua perturbada cabecinha.
Mas o inofensivo mocinho da Alameda Barros ainda escutava lá no fundo de si, bem no Hades de sua memória, uma insistente e idiota musiquinha, uma sonzeira que não lhe era totalmente estranha.
A-ha! Isso mesmo!!! Era uma sonzeira do Patu FU! E como é mesmo a letra dessa musiquinha idiota?

"Eu tomo PINGA
Eu não sei o que é melhor pra mim
Eu tomo pinga
Mesmo já sabendo o que vai dar no fim
Eu tomo pinga
Será que eu tô gostando de viver assim?
Eu tomo pinga
Será que isso é bom ou ruim?

Se eu fosse o Pelé tomava café
Se eu fosse o Tostão tirava o calção
Se eu fosse o Dario pulava no rio
Se eu fosse o garrincha não pulava NÃO"


PS: Ah, quero deiXar bem claro que os deliciosos FATOS descritos acima - apesar do registro fotográfico não deixar dúvida - são a mais PURA ficção. Mas as PERSONAGENS são REAIS, de carne (huuum), osso (inha, inha, inha!) e DENTES (dilícia!). Portanto, se vc as encontrar pela frente, CUIDE-SE, pois elas não são o que podemos classificar como as pessoas mais INOCENTES desse nosso planetinha esquentado.

PS2: Tb tô ligado que essa trama daí de cima pode virá um estiloso MANGÁ. Ou então um curta pra passar no MiX... HAHAHA!!!

2 comentários:

Bárbara Esmenia disse...

Zeeennnn!!!
O que eu na foto tem a ver com este texto????

Beijocas gato!

Bárbara Esmenia disse...

Aumentou o texto é?

E ai meu escritor urbano favorito.
Caramba!!! Que texto muito bom, adorei ver-me representada. Identifiquei-me total! Puxa Zen, você escreve muito bem. Estou aqui no laboratorio da faculdade chorando de rir e as pessoas olhando me achando louca... Fantástica narrativa! História em quadrinhos? Este pode ser nosso próximo curta-metragem.
Beijos gato!!!