terça-feira, 3 de janeiro de 2012

BÍLIS





















"BÍLIS" foi apresentada pela primeira vez no DRAMAMIX das SATYRIANAS 2009, no dia 31/11, às 05:00h, São Paulo - BRAZIL

ELENCO: Fernanda Sanches & Thiago Mantovanni.

DIREÇÃO: Lucas Sancho

DRAMATURGIA: ZeN SaLLes


Peça TEATRAL gerada após um surto de BULIMIA nervosa!!!

PERSONAGENS:
#ELA
#ELE


Cinco HORAS da MADRUGA...

ELE está ajoelhado bem próximo de uma PRIVADA e provoca o VÔMITO enquanto fala.


ELE – Você já sonhou aquele tipo de sonho onde você tenta falar e a tua voz simplesmente não consegue sair da boca? Daí você acorda no meio da madrugada com a garganta seca e te dá uma puta vontade de dizer tudo que tá te amargando por dentro. Mas não tem ninguém do teu lado, ninguém pra te ouvir, pra trocar uma idéia contigo. E a tua garganta continua seca...

ELE começa a VOMITAR... Vomita horrores... Vomita até a BÍLIS!!!

ELA chega pisando poderosamente no seu SALTO duplo twist carpado.


















ELA –
Você ME fez isso de novo?

ELE – Eu... Eu precisava te ver...

ELA – Me vomitou no chão desse lugarzinho nojento?

ELE – Mas é a única forma que eu tenho pra te ter aqui comigo.

ELA pega a cabeça dELE e “mergulha” dentro da PRIVADA.

ELA –
Seu ESCROTO de merda!

ELE (tossindo muito, engasgado pela água da privada) – Eu... Eu tinha certeza que você não ia me deixar na mão...

Novamente, ELA enfia a cabeça dELE dentro da PRIVADA.

ELA –
Tá pensando que eu sou o quê, hein? Todo dia agora é a mesma bosta, é? Você enfia a porra do dedo nessa tua goela fodida e sou eu que tenho que aguentar as tuas nóias?

ELE – Ainda bem que você sempre vem toda vez que eu te chamo...

ELA – Filho da PUTA!

Cada vez + violenta, ELA mergulha repetidas vezes a cabeça dELE na PRIVADA.

ELA se diverte bastante com essa sessão de TORTURA.

ELE também se esbalda de PRAZER.

ELA –
Pra quê ficar se prendendo, se trancando, contraindo as amídalas, né, seu bostinha!? Quando eu venho, eu chego chegando, botando pra FODER geral!

ELA solta a cabeça dELE, que TOSSE muito, quase afogado pela água da privada.

Totalmente satisfeita com o joguinho S&M, ELA solta um risinho debochado, um riso que vai se descontrolando aos poucos, até se transformar num SURTO de gargalhadas.

Já quase recomposto da sua crise de tosse, ELE se arrasta até ELA e começa a beijar o seu saltão 15.


ELA – Precisava mesmo me fazer vir até aqui?

ELE – Mas eles me levaram tudo...

ELA – Eles quem?

ELE – Não lembro da cara deles, não lembro de mais nada.

ELA – Ah, qual é, hein? Deletou tudo da memória? Amnésia alcoólica, é, gato?

ELA chuta a cara dELE, que volta a se esparramar no chão.

ELA – Me conta tudo, seu puto! TUDO, viu! Agora eu quero te ouvir!

SOM estourado de e-music.

Como em um transe, ELA dança alucinadamente.

Ajoelhado, ELE agarra as pernas dELA, mas ELA se desvencilha dELE.


ELE – Eu comecei a gritar, gritei muito no meio daquela gente toda, mas ninguém conseguia me ouvir!

ELA – Fala mais alto, que eu não tô te ouvindo!

ELE se levanta e agarra a cintura dELA firmemente.


















ELE – Você não me escuta? Ninguém tá me escutando? Quem é que vai me escutar nesse inferninho de fim de noite?

ELA – Repete, vai, que eu não te escutei! Tá muito baixo, fala mais alto, porra!

ELE mexe a boca repetidas vezes, mas não sai nada, nenhuma palavra. Desesperado, ELE toca na sua garganta como se quisesse tirar algo de dentro.

ELA continua dançando loucamente e se divertindo muito com o desespero dELE.

ELA –
Isso, gato! Grita, escancara, esculacha! One more time... Se joga, vai! Arrasa, bee!

As batidas da e-music estão no TALO, o barulho é absurdamente ALTO.

ELE coloca as duas mãos nos ouvidos, entra em CONVULSÃO.

ELA dança cada vez +, dá bafão na pista de dança, bate cabelo alucinadamente, incorpora Alôca.


BLACKOUT

Gritos, muitos GRITOS.

LUZ.


ELE – Todo aquele barulho sumiu, apagaram as luzes, não deu pra ver mais nada... Tudo escuro, muito escuro! Eu só senti as mãos, as unhas, os braços, os dentes... Me jogaram na parede, me comeram por trás, fizeram o DIABO com a minha CARNE. Mas eu não vi nada... Tava muito escuro. E o barulho também se calou, nenhum gemido, nenhum pio sequer... Cadê você, meu anjo caído? Me tira daqui, vai! Vem logo que eu detesto o ESCURO e odeio o SILÊNCIO!

ELA se aproxima dELE e, com uma estranha COMPAIXÃO, coloca a cabeça dELE no seu COLO.


















ELA – Bem que eles podiam ter vampirizado todo o teu sangue...

ELE – Mas eles fizeram isso!

ELA – E a tua porra?

ELE – Eles sugaram todo o meu TESÃO.

ELA – E eles também chuparam a tua medula?

ELE – Comeram meu fígado, morderam a minha jugular, desidrataram as minhas lágrimas, o meu corpo, todos os meus sentidos...

ELA – Então não te sobrou mais NADA?

ELE – Não... Só VOCÊ!

ELA o empurra no chão, monta em cima dELE.

ELA – As noites amanhecidas pela insônia, uma balinha de ecstasy só pra esquentar o sangue já fervido, a garrafa de whisky pela metade, a cara empapuçada de deliciosos excessos, uma ressaca te pedindo a morte... Mas é a garganta quem GRITA te querendo mais, a coisa vai detonando lá dentro até que ó, BUUUM! E vem tudo pra fora, lavas e + lavas de desejo vomitado no chão... Daí o fígado libera aquela coisa amarga, esverdeada, gosmenta, que vem melar a tua noite mal-dormida... E te diz: CHEGA, caralho! Você já deu tudo o que tinha que dar... Por hoje BASTA, viu!

ELA rasga a roupa dos dois e começa a foder com ELE.

BLACKOUT

Som de GEMIDOS fortes.

LUZ.

Agora é ELE quem estar por CIMA dELA.

Os dois estão completamente despidos.


ELE – Como eu gosto de te ver assim, derramada no meu chão...

ELA – Pois eu odeio quando você me chama, me cutucando por dentro de si mesmo!

ELE chupa a própria BÍLIS com muito TESÃO.

BLACKOUT

Ouve-se apenas o GRITO desesperado dELA.

LUZ.

ELE está agora sozinho, ELA sumiu, há apenas a GOSMA verde vomitada e derramada pelo chão.

ELE
– Às vezes eu calo, calo mesmo... Um calo na garganta de tanto ficar calado, me segurando por dentro. Mas ELA vem, com o seu gosto de azeitona que sobrou no canto do prato, mastigada e chupada, o meu último gole da madrugada, o meu primeiro bocejo ressacado pra um dia que eu não faço a menor questão de ver nascendo.

ELE se aproxima da GOSMA esverdeada que vai se evaporando aos poucos.

ELE -
Volta, meu amor... Volta pra DENTRO de mim, vai!

ELE apenas respira aquele vapor barato, se deliciando nesse ritual, enquanto a LUZ vai caindo sem a menor reistência.

























PS: A montagem desse texto teatral só pode acontecer com a prévia autorização do AUTOR da obra.

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