sábado, 10 de novembro de 2007

120 dias em Sodoma

Por incrível que pareça, finalmente eu fui assistir os “120 dias em Sodoma” dirigido pelo Rodolfo Garcia Vázquez e realizado, óbvio, com a trupe sempre antenada do Satyros. Algumas pessoas sempre me falavam dessa peça, diziam que era a minha cara, que lembraram de mim quando assistiram... Eu não sei pq. Juro por God. Mas eu fui e achei a peça bacanérrima, deliciosamente debochada, com uma sexualidade meio lúgubre e cheia de sacações incríveis, como a cena final, com aqueles corpos nus estendidos no chão, totalmente estagnados, impotentes e com um sorriso artificial feito por aquele instrumento odontológico que não sei o nome. Mas o efeito que deu foi do caralho. Resumo da ópera: a putaria que a gente vive aki no Brasil tá bem no clima do Marquês de Sade. Enfim, aquele blábláblá que já deu no saco (ui!), mas que ninguém faz nada pra mudar a situação.
E, ao contrário do que muita gente possa supor, não sou um profundo conhecedor da obra do Sade. Curto muito a temática do erotismo, da sensualidade, do tesão... Sou falocêntrico mesmo e assumo (hehehe). E se vc não sacou o que é esse falocentrismo, vem de FALO, brow... Isso mesmo que vc tá pensando já quase socando uma bronha: “é pau, é pedra, é o fim do caminho...”
Enfim... Li pouca coisa do marquês de Sade e já vi outras peças inspiradas na obra dele. Mas acho esse cara uma figura fascinante. Aquele filme “Os Contos proibidos” dá uma vaga idéia de como o cara era pirado. Quando proibiram a entrada de papel em sua prisão, para que ele não + escrevesse a sua obra, Sade passou a escrever em seus lençóis e roupas, que depois entregava para uma lavadeira, interpretada brilhantemente pela Kate Wislet. Daí tiraram os lençóis e ele começou a gritar com a própria voz. Cortaram a língua do cara. E ele não teve dúvida: continuou escrevendo com os próprios excrementos. Proibiram a entrada de comida, para que ele não defecasse mais. Sade passou a escrever a sua obra nas paredes da prisão com o próprio sangue. Ou seja, o cara não conhecia a palavra LIMITE! Era o cara e ponto!
E tem muito playboyzinho tirando onda de descolado e putinha-dos-Jardins pagando de up to date que acham que ser sádico é simplesmente comprar chicotinhos em sex shop da Augusta antes de se jogar no Vegas e na Lôca. Então, tá! Vai acreditando, gata borralheira, que o mundo é a Oscar Freire, o Pátio Higienópolis e férias de julho em Ibiza!
E eu não sou sadomasô, cara-pálida, apesar de minha coleção de algemas (essa excentricidade é apenas manifestação de um transtorno tripolar que o meu analista junguiano acabou de classificar como complexo de capitão Nascimento). Eu nunca fiz essa linha pit-lessy. Sou tipo Madame Bovary, romântico, com os pés no mundo da lua... Lua e maré cheia, tá! E tem +: Gosto de carinho, cheirinho no cangote, cosquinha no dedão do pé... E não falo + de minha intimidade. Hehehe!
E + uma vez, parabéns pro povo dos Satyros. Eles arrasam, são incríveis! O Rodolfo arrebenta. E o Ivan Cabral – a minha branca de neve preferida - é um fofo. Os dois são DEZ!!! A maratona teatral das Satyrianas prova como esses caras vêm dando mó gás na cena de Sampa. E sem deslumbramentos, com o pé no chão, muita ousadia, criatividade e, o que é + importante, bastante TESÃO.

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